quinta-feira, 15 de abril de 2010

a luz de velas

Queima os papeis
aviva a braza
mantem aceza
a chama da casa

A cinza aduba
renasce a planta
ascende e toca
a luz celeste

quarta-feira, 17 de março de 2010

O que não cabe

Sinto saudades
Saudades do amor que em mim morava
aquele que de tanto não cabia
Amor que não cabe transborda
Inunda tudo em volta
refresca
acalma
cicatriza
e os poros sorriem agradecidos.
Sinto saudades
e a saudade também já não me cabe
Mas saudade quando não cabe não transborda
vai rasgando assim de dentro para fora
cheia de pontas
navalhas cegas que dilaceram
jorra o sangue da alma
morre-se de hemorragia interna
já chorei tanto este amor morto
e fico pensando se não poderia tê-lo salvo.

terça-feira, 16 de março de 2010


Conto de faltas
Tarde demais para escrever poemas de amor
Não tinha príncipe nem sapo
Só um farrapo que embolorou
Soprava um vento sul forte
Que levou meu sonho para o Norte
E o meu eu sem Norte ficou
A canoa quebrada afundou
Fiquei com remos inúteis
Os dias ficaram fúteis
Nem choro nem vela
Nem fita amarela
Pra enfeitar o buquê que murchou.

Adília Quintelas